
Regressámos ontem à conhecida Feira da Vandoma, actualmente instalada no chamado “feiródromo”, cujo nome oficial é Praça Vandoma, para avaliar como está a funcionar e recolher a opinião de comerciantes e visitantes.
O descontentamento é evidente. As casas de banho individuais originam longas filas; as bancas são pequenas e pouco adaptadas a este tipo de feira; as coberturas estão demasiado altas e não protegem os vendedores da chuva; os corredores não oferecem abrigo, obrigando compradores a circular à chuva e dificultando a passagem com guarda-chuvas.
A localização continua a ser o ponto mais contestado. Muitos potenciais visitantes dizem não saber onde se realiza actualmente a feira, e a maioria esmagadora dos comerciantes manifesta vontade de regressar à Alameda das Fontainhas, local associado à tradição da Vandoma. No plano económico, as queixas também são muitas: os comerciantes falam em menos visitantes e, sobretudo, menos turistas, com impacto directo nas vendas.
Para o Bloco de Esquerda, a solução passa pelo regresso às Fontainhas ou, em alternativa, pela disponibilização de um espaço no centro histórico da cidade. Recorde-se que a Feira da Vandoma nasceu de forma espontânea, junto à Calçada de Vandoma, perto da Sé do Porto, quando jovens estudantes vendiam livros e roupas usadas. Em 1984, a Câmara Municipal do Porto regulamentou oficialmente a sua realização.
Antes de se fixar nas Fontainhas, a feira passou ainda pelo largo em frente à Cadeia da Relação, na Cordoaria. A história mostra, portanto, que há alternativas viáveis para o seu funcionamento.
Entre a insatisfação de comerciantes e visitantes, e a pressão política por soluções alternativas, o futuro da Vandoma volta a estar em debate. Para muitos, só regressando às Fontainhas — ou encontrando um espaço no coração da cidade — será possível devolver à feira o dinamismo e a autenticidade que a tornaram uma referência no Porto. E é também por isso que estamos aqui e pelo que iremos continuar a lutar.