
Reunimos com a direção dos Albergues Noturnos da cidade. Para além de visitarmos as suas instalações e conhecermos melhor o quotidiano de quem lá trabalha e de quem lá procura apoio, pudemos fazer um ponto da situação sobre a implementação do projeto Housing First que esta instituição está a desenvolver.
O Housing First, modalidade de intervenção social com pessoas em situação de sem-abrigo que sempre defendemos, é uma abordagem inovadora de combate à exclusão habitacional que parte de um princípio simples: a melhor forma de apoiar pessoas em situação de sem-abrigo é garantir, antes de mais, uma casa. Só depois, com esse direito fundamental assegurado, é possível trabalhar de forma consistente outras dimensões como a saúde, o emprego, a reintegração social. A experiência internacional, e o projeto desenvolvido igualmente em Lisboa, mostra que este modelo tem taxas de sucesso muito superiores às respostas tradicionais.
Os Albergues Noturnos do Porto têm desempenhado um papel essencial no acolhimento de emergência. Mas é urgente ir mais longe: não basta assegurar um teto por alguns dias ou meses, precisamos de garantir habitação permanente, estável e digna. Isso exige investimento público, coordenação entre instituições e vontade política.
O Bloco de Esquerda tem defendido a centralidade da habitação como direito humano básico. No Porto, comprometemo-nos a reforçar a rede de apoio social, a apoiar projetos como o Housing First e a exigir que o município assuma a habitação como prioridade política, em vez de continuar a tratar a pobreza como um problema invisível ou apenas de forma assistencialista.
O encontro com os Albergues Noturnos foi mais uma prova de que as soluções existem. O que falta é vontade de as colocar no centro da estratégia da cidade. E é isso que levaremos para a Câmara: uma política de habitação que não deixe ninguém para trás.