
Vistámos o Museu Militar do Porto, numa iniciativa promovida pelo Museu da Resistência. A visita foi guiada por pessoas que estiveram presas neste edifício pela PIDE, um testemunho vivo da violência da ditadura e da coragem de quem a enfrentou.
Esta experiência reforça a urgência de concretizar o Museu da Resistência. Não se trata apenas de criar mais um espaço cultural, mas de garantir que a memória antifascista, as lutas do movimento operário e popular e o caminho coletivo para a liberdade e a democracia tenham o lugar que merecem na nossa história. É uma homenagem necessária e, ao mesmo tempo, um compromisso com o futuro.
Não estamos contra a existência de um museu militar no Porto. Pelo contrário, defendemos que faria todo o sentido que este tivesse melhores condições e fosse transferido para um espaço com maior capacidade, como seria o caso do quartel da Serra do Pilar. Mas o edifício atual, que foi sede da PIDE e onde tantos resistentes sofreram prisão, tortura e humilhação, é o mais adequado para ser transformado num espaço de memória antifascista.
Infelizmente, a criação deste museu tem sido sucessivamente adiada. Falta de vontade política, dificuldades burocráticas e a relutância em encarar de frente a história da ditadura têm contribuído para travar um projeto que é, na verdade, uma necessidade democrática.
O Bloco de Esquerda já apresentou na Câmara Municipal do Porto uma recomendação, aprovada em reunião do executivo, que instava a autarquia a envidar todos os esforços para que este museu fosse finalmente uma realidade. Passos foram dados, mas é preciso transformar compromissos em ação concreta.
Num tempo em que cresce a tentativa de branquear a ditadura e relativizar os crimes do fascismo, a criação do Museu da Resistência é uma urgência. É essencial garantir às gerações futuras um espaço vivo de testemunho, reflexão e aprendizagem, onde se afirme que a liberdade e a democracia foram conquistas arrancadas com luta e sacrifício — e que nunca podem ser postas em causa.
Como sempre fizemos, continuaremos a apoiar esta iniciativa de criação do Museu da Resistência no Porto e a pressionar a Câmara Municipal a ser um parceiro activo e decisivo neste processo.