Escola do Cerco, um exemplo de resistência e persistência

Visitámos o Agrupamento de Escolas do Cerco do Porto, na freguesia de Campanhã. E, como sempre, fomos recebidos de braços abertos. O Cerco é um dos agrupamentos mais diversos e vibrantes da nossa cidade. Ali estudam cerca de 1.800 alunos, vindos de todas as origens, de todas as classes sociais.

A rede de escolas, do pré-escolar ao secundário e ao ensino profissional, funciona como um verdadeiro sistema nervoso central da freguesia. É ali que pulsa a vida de uma comunidade inteira que, muito diferentemente do que se pensa, é uma comunidade pacífica e orgulhosa do seu território.

O Cerco é uma escola maravilhosa: exigente, inspiradora e profundamente humana. É um espaço onde a utopia se vive todos os dias. E é ali que percebemos, com clareza, como o amor, o empenho e os projetos avulsos financiados pela União Europeia conseguem produzir verdadeiros milagres.

Mas também é ali que se revelam as falhas de quem governa. Porque falta uma visão estruturada. Porque falta uma estratégia clara por parte do poder central e autárquico.

E, por isso, multiplicam-se os obstáculos para todos os que ali trabalham, todos os dias, com dedicação e coragem.

Nós não queremos projetos de um ou dois anos. Queremos estabilidade, autonomia e meios adequados para criar soluções duradouras — para os alunos e para toda a comunidade.

Um terço dos estudantes beneficia do apoio social máximo. A pobreza aqui não é um detalhe. É um problema estrutural.

Em Campanhã, não falta inovação. O que falta é investimento. Faltam salários justos. Falta igualdade de oportunidades.

Não precisamos de arrivistas, nem de oportunistas. Não precisamos de consultores imobiliários, nem de economistas do turismo a ditar o futuro destas crianças. Precisamos de pessoas reais. Com o coração no lugar. Com a coragem nas mãos. E com os olhos postos no futuro.

Estamos aqui por um Porto que existe. Por um Porto que resiste. Tal como resiste, todos os dias, a Escola do Cerco do Porto.