O povo da cidade e região do Porto está de parabéns, o Bolhão é do povo e regressou ao
povo.
Desde 2002 que o destino do Bolhão parecia estar traçado: Rui Rio votava-o ao abandono e assinava a sentença de privatização em 2008. A cidade disse não e mobilizou-se. Levantou-se pelo seu mercado de frescos contra um “acto de puro mercantilismo”. O Porto fez cordões humanos em sua defesa, sessões públicas, criou uma Plataforma de Intervenção Cívica e com ela uma petição com mais de 50.000 assinaturas que levou a ser discutida na Assembleia da República e propôs a sua classificação como Imóvel de Interesse Público. Este último processo culmina apenas já no primeiro mandato de Rui Moreira, que na campanha eleitoral propunha que a recuperação do mercado fosse feita com recurso a privados. A realidade da cidade impôs-se e ainda bem.
Foram mais de 20 anos de lutas contra a privatização, contra o abandono, contra a
desfiguração, contra a demolição. São 20 anos de exemplo do que é possível fazer quando se persiste, quando se impedem autarcas de prosseguir com planos que se apresentam como inevitáveis nos seus modelos de cidade negócio, quando nos mobilizamos e quando sabemos o que queremos que as cidades não percam: o coração. Num Porto em profunda
transformação social, manter o Bolhão na sua essência, num Centro Histórico despovoado, é agora uma nova luta que se trava para lá das suas arcadas e que deve envolver toda a região, revitalizando a cidade, a produção local, o comércio local e também o consumo e o quotidiano local.
O Bloco de Esquerda, tal como no passado, compromete-se com o futuro do Mercado do
Bolhão, quer pela presença no dia da sua reabertura, celebrando com as vendedoras, os
utilizadores e o arquiteto Nuno Valentim, que ontem cumprimentamos quando ali fomos, quer no resto da sua vida na defesa de quem vive e trabalha no Porto. O Bolhão é do povo.
16 de setembro de 2022
Bloco de Esquerda Porto