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Roteiro pelo "lado B do Porto cosmopolita"

Na primeira iniciativa da contra-cimeira, o Bloco de Esquerda passou pela zona histórica do Porto para fazer um "paralelismo" com a União Europeia e criticar as suas prioridades e concluir que "não são as pessoas que contam em primeira instância".

"Oque se passa no Porto, particularmente aqui no centro histórico, é representativo daquilo que é hoje a União Europeia (UE). A UE não está a ser desenvolvida para a coesão social, mas sim, apenas e exclusivamente, para o negócio", afirmou Sérgio Aires, candidato do BE à Câmara do Porto.

Em declarações à Lusa, à margem do roteiro pelo "lado B do Porto cosmopolita" -- iniciativa que marca o arranque da contra-cimeira do BE - Sérgio Aires afirmou que a zona histórica da cidade do Porto é "um exemplo do que se passa na Europa".

"Não são as pessoas que contam em primeira instância. É a especulação financeira, é o mercado de capitais, é o dinheiro e o lucro", defendeu o sociólogo e assessor bloquista no Parlamento Europeu.

A "contra-cimeira da resistência, do inconformismo e da solidariedade" do BE surge numa critica à falta de ambição do Pilar Europeu dos Direitos Humanos, em discussão na Cimeira Social do Porto.

O "roteiro turístico", que se iniciou junto a uma fragata atracada na margem do rio Douro, juntou mais de duas dezenas de pessoas, desde filiados do partido a pessoas que não conhecem as "profundezas da história da cidade".

"Queremos dar a conhecer as histórias que se perderam", afirmou Sérgio Aires, recordando que o primeiro projeto europeu de combate à pobreza apresentado por Portugal tinha como fim "reabilitar o património ribeirinho com as pessoas".

"Houve um conjunto de intenções, ações e projetos que ia nesse sentido, mas de facto, tudo isso foi abandonado. No final dos anos 80 começamos a retroceder ao mesmo ritmo que a UE, que em 1993 deixou de considerar que a pobreza era um problema europeu, mas sim nacional", disse.

A horas de se iniciar no Porto a Cimeira Social da União Europeia, Sérgio Aires reforçou que as metas e compromissos apresentados são "um péssimo sinal".

"Se todos reconhecemos oportunidade deste reequilíbrio entre a dimensão económica, que tem de estar ao serviço das pessoas, e a dimensão social, que vai garantir isso mesmo, e aquilo que fazemos é isto, então é um péssimo sinal", afirmou.

Considerando que o caminho para esse reequilíbrio "não passa pelo mesmo modelo, que promove a pobreza", o candidato do BE à Câmara do Porto afirmou que esta é "uma perda de oportunidade".

"É uma perda de oportunidade num momento particularmente difícil. Estamos à porta de sentir, de facto, o impacto da pandemia. Esta é uma oportunidade de ouro para se pensar num bom modelo", defendeu.

Da Ribeira do Porto, a Miragaia, o roteiro "pelo lado B do Porto cosmopolita" passou também pelo Mercado Ferreira Borges, Rua das Flores (antiga Rua Santa Catarina das Flores) e pela Estação de S. Bento, recordando as histórias de outros tempos.

A iniciativa prolonga-se hoje no Cinema Passos Manuel e encerra sexta-feira, com um comício contra a precariedade e pobreza com a presença da coordenadora do Bloco, Catarina Martins, e do Presidente do Partido da Esquerda Europeia, Heinz Bierbaum, entre outros.

A Cimeira Social do Porto, que se realiza em 07 de maio e é seguida de um Conselho Europeu informal, a 08, pretende reforçar o compromisso dos Estados-membros, das instituições europeias, dos parceiros sociais e da sociedade civil com a aplicação do plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais.

(in Notícias ao Minuto, 06.05.2021 https://bit.ly/3vlrrXE)