Respirar cooperação

Na sexta, 12 de setembro, visitámos a Cooperativa 99 e saímos de lá com a certeza de que o Porto tem dentro de si sementes fortes de transformação social.

A Cooperativa 99 não é apenas um espaço físico. É um ponto de encontro, uma comunidade viva que mostra como é possível organizar a vida de forma mais justa, participada e solidária. Ali respira-se cooperação: desde a forma como as decisões são tomadas, até à forma como se pensa a economia, a cultura e o apoio mútuo.

Durante a visita, impressionou-nos a forma como todos os envolvidos se reconhecem como parte ativa do projeto. Não há hierarquias fechadas nem distâncias formais: há diálogo, há escuta e há vontade de construir em conjunto. É um verdadeiro exercício de autogestão democrática.

Este espírito enquadra-se numa ideia mais ampla: o cooperativismo integral. Não se trata apenas de criar uma cooperativa de consumo, de trabalho ou de habitação, mas sim de integrar várias dimensões da vida — produção, distribuição, serviços, cultura, educação, saúde, habitação — num sistema solidário e comunitário. É um modelo que procura dar resposta às necessidades das pessoas de forma coletiva, sustentável e participada.

Na Cooperativa 99 vimos isso a acontecer: cultura e economia lado a lado, vizinhança e cidadania de mãos dadas, pessoas a criar alternativas concretas ao isolamento e à precariedade. Num momento em que tantas vezes sentimos que as decisões nos passam ao lado, aqui prova-se que é possível participar, decidir e transformar.

Saímos inspirados e também desafiados. Inspirados porque vimos um Porto solidário, criativo e capaz de inovar. Desafiados porque sabemos que cabe à cidade — e também à Câmara Municipal — apoiar, dar condições e abrir caminho para que experiências como esta se multipliquem.

Acreditamos num Porto que se constrói com as pessoas, não apenas para as pessoas. A visita à Cooperativa 99 mostrou-nos que esse Porto já começou a nascer — e que o cooperativismo integral pode ser uma das chaves para o fazer crescer.