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O Porto no 1º de maio de 2020: lutar pelo trabalho com direitos, lutar para que ninguém fique para trás

Manifestação 1º de Maio de 2019 no Porto
Manifestação 1º de Maio de 2019 no Porto

Em 1974, seis dias após o 25 de Abril, assinalou-se livremente o 1º de maio, depois de décadas de repressão do Estado Novo, naquilo que foi uma explosão de democracia pelas ruas do país e marcou o início da conquista de direitos até aí negados: o Estado Social, a Segurança Social, o direito a cuidados de saúde públicos, à educação, à habitação, o direito ao trabalho e ao salário, a luta pelo pleno emprego, o reconhecimento do direito a férias pagas, a proibição dos despedimentos sem justa causa e a instituição, pela primeira vez, do salário mínimo nacional no valor de 3.300$00 (16,50€). Após esta data, vieram ainda a consagrar-se o direito à greve, à contratação colectiva e à organização sindical, bem como um novo movimento do trabalho ao nível das empresas - as Comissões de Trabalhadores (CT).

No período duro por que passamos, devido à pandemia de COVID-19, são já milhares as denúncias de trabalhadores afetados pelo regime de lay-off, trabalhadores precários despedidos, sem condições de higiene sanitária para trabalhar (locais onde não são disponibilizadas luvas nem máscaras, nem preservadas as distâncias de segurança aconselhadas). Um aumento generalizado de insegurança e desemprego. Os trabalhadores na área da saúde, na linha da frente do tratamento à COVID-19 em hospitais, colocando a sua vida em risco e adiando a sua vida familiar, muitas vezes são contratados à hora, recebendo alguns pouco mais que o ordenado mínimo nacional. 

No Porto, a situação não é menos grave. O abuso laboral afeta os trabalhadores e as trabalhadoras das cantinas escolares da cidade, da construção civil ou das estruturas culturais da cidade. Afeta também quem está ao serviço da Fundação de Serralves e da Casa da Música, nomeadamente pessoas cujo vínculo laboral se consubstancia na figura dos recibos verdes e que, na conjuntura atual, estão ainda mais fragilizados no que toca à sua subsistência e direitos sociais. 

É por todos estes motivos que, para o Bloco de Esquerda, num ano em que já se anuncia uma grave crise económica e dos direitos dos trabalhadores, faz ainda mais sentido reafirmar os direitos laborais, reclamar os direitos perdidos e os que faltam garantir, defender todas e todos no direito ao emprego estável e salário digno.

O 1º de Maio é um momento agregador das lutas pela dignidade, pela democracia e pelos direitos do trabalho. É também o momento de assinalar o trabalho de quem, na cidade, assegura serviços essenciais como a recolha do lixo, o acesso a bens de primeira necessidade, o cuidado de pessoas idosas e pessoas com deficiência, os transportes, o correio ou a limpeza. Neste 1º de maio é ainda o momento de salientar o trabalho de quem, hoje como ontem, desempenha tarefas fundamentais, quem está na linha da frente, no país e na cidade:  todos os profissionais de saúde. Este ano, ainda que assinalado de forma distinta, o 1.º de maio vai também passar pelo Porto. 

1 de maio de 2020,

A Comissão Coordenadora Concelhia do Porto